MARIA AFONSO PENNA

( Brasil – São Paulo ) 

PENNA, Maria Afonso.  Passionata.  Rio de Janeiro: Massao Ohno Editor,  1991.  108 p.  23x28 cm.  Capa:  Floração, óleo de Edilza Megale.                                                Ex. bibl. Antonio Miranda

Filha do ex-presidente do Brasil – Afonso Penna.
Na apresentação do presente livro Austregésilo de Athayde: "Maria Afonso Penna quase sempre fala de si mesma, dá constante testemunho dos seus pendores, enobrece o seu estro em confissões íntimas (...)"

       
LUXÚRIA

Quem é Você
Que chega de repente,
Se aproxima
E meu corpo trem de paixão.
Desejos
Libelo fremente!
Nos refolhos da carne
A mão se apega
Espasmos e tremores
Provocando,
Adensando orgasmos contínuos,
Desritimados,
Num rio de suor, ôfegos
Sincopados.

                              QUIMERA

Plasmo com Meus
Dedos
O Êxtase Sobre
Teu Rosto!
Fecho com Meus
Beijos
Teus olhos Perturbados
Pouso Sobre Teu
Corpo
Meu Ser Alado
E, Por Momentos,
O Rápido Bater
De Asas
Estremece Teu Corpo
Pasmo,
Violentado.

                                É Denso e Mágico
Este Momento,
Da Fêmea Aberta Sob
O Macho!
E o Ser Que Pousa,
Goza,
Levanta Voo
E do Alto Contempla
A forma impressa,
Queda,
Indefinida!  

                   Cântico dos Cânticos Para um Amor
                                                                  
SÓ MULHER

Você vinha desarmada
Se entregava!
Misto de elfo, flor, mulher!
No colo te embalava,
Na cama te amava!

Sensual você dançava!
Pés nus, são sabor da música!
Corpo de menina
Sentimentos de mulher!
Eu olhava
Adorava!

E você era só Mulher!

Cabelos entremeados de flores,
Corpo nu atrás da porta
Você me esperava!
E, na cama desfeita,
Janelas escancaradas
Sol entrando em jorros
Eu te amava!

Fios de pérolas longos e vários,
Espalhavas por teu corpo nu,
Entre as coxas eles se escondiam,
E, morrendo de cócegas,
Despreocupada rias!
Fascinada eu te olhava!

Envolta em coloridos véus,
Trazendo a magia do Oriente,
No chão me jogavas,
Envergonhada, meus olhos fechavas!#
E sinuosa, bailando,
Os véus ias tirando
E nua ficavas!

No chão, onde me encontrava,
Olhos semicerrados,
Extasiado eu te olhava!

E você era tão mulher!

A blusa aberta,
Seios desnudos,
Gatos e cachorrinhos
Amamentavas!
Teus bicos róseos mordidos,
Lambidos,
Prazer te davam!
Fascinado eu te olhava!

ERÓTICO APELO

— Espere, Espere por Mim!
Diz a Mulher ao Macho
Acoplado
No Momento da Paixão.
E da boca semi-aberta
Olhos cerrados,
Como violentada geme
E se contorce
Corpo rente ao colchão.
Parece luta assassina
Entre dois seres
Engolfados,
Trêmulos suados,
Nucas e ombros arranhados!
E a Mulher cabeça pendida,
Aturdida,
Na posse Se Embevece!
No Orgasmo
Levanta voo goza,
Corpo alongado convulso
Percorrido por mil
Soluços!
Vai aos poucos serenando
E adormece!

EXTRENADO APELO

É um Movimento lento
Persistente,
De unhas rascantes
Onde palmas endurecidas em
Sentido  Ascendente
Rastreiam o Corpo
Nu,
Despojado inerme,
Desalentado,
Procurando dar-lhe
Vida,
Fazê-lo arder impiedosamente
Na Pira do Desejo,
Do Despudor.

*

POEMAS ONÍRICOS

                    RELICÁRIOS

Livros não são quadros!
Não se exibem, não se expõem...
Se fecham.
Acostumados estão ao folhear displicente
De mãos que escondem bocejos
De pálpebras que adormecem
No sombrio das bibliotecas!
Deitados, se confundem.
Alguns cintilam!
Todos Emudecem!

*

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Página publicada em dezembro de 2023